quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A Guerra dos Mundos de H.G. Wells (1866-1946)


Herbert George Wells foi reconhecido por muitos como um das maiores mentes do século XX. A Guerra dos Mundos combina a sátira política com a advertência aos perigos do progresso científico. O escritor utilizou muitos artifícios para dar ao livro um efeito realístico, considerado na época, uma obra perigosa, que podia criar fobias nos seus leitores – muitos acreditaram numa possível invasão de Marte.

A Guerra dos Mundos de Orson Welles


Às oito horas da noite de 30 de Outubro de 1938, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização da "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells pela estação rádio CBS. Durante uma hora, narrou explosões em Marte e meteoritos que caiam na Terra. Sete mil homens marcharam contra uma única máquina de guerra marciana e a Terra estava a ser aniquilada. Essa era a travessura de Halloween de Welles.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O Amante de Lady Chatterley de Palcale Ferran


Lady Chatterley, o filme de francesa Palcale Ferran (premiado com cinco césares), a partir da história inglesa do livro de D.H. Lawrence, O Amante de Lady Chatterley.
A infidelidade amorosa de Lady Chatterley (Marina Hands) ocorre num contexto social britânico de alta burguesia, nos anos 20 do século passado. O couteiro (Jean-Louis Coullo'ch) da quinta do casal Chatterley é o amante.
O perímetro onde se movem os «transgressores», na casota de madeira e nos campos verdejantes em volta, assemelha-se psicologicamente ao conceito eroticamente idílico de uma ilha tropical do pacífico favorável a uma relação sensual e tórrida, protegida da presença física alheia, e moralmente isolada dos princípios morais então predominantes (Lady Chatterley e o couteiro tinham, por exemplo, essa vontade moderna de uma «união de facto», sem casamento).

O Amante de Lady Chatterley de Tennessee Williams (1911-1983)


Narra o quotidiano de Constance Chatterley, Lady pelo casamento com Sir Clifford, não era particularmente excitante — isolada na enorme propriedade de Wraby e com um marido paraplégico, Constance, outrora uma rapariga enérgica de faces coradas, sentia crescer nela uma insatisfação fatigada, tornando-a indiferente ao pequeno mundo que a rodeava, perante a sonolenta lentidão com que se arrastavam os dias e as horas.

domingo, 21 de outubro de 2007

Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll


Na obra “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, é possível mudar o corpo de tamanho, encontrar gatos e lagartas falantes, bem como escutar histórias sem pés nem cabeça. São prodígios de um mundo subterrâneo que nos seduz e espanta ao mesmo tempo.
Alice é uma criança entediada com o mundo que a rodeia. O livro “Alice no País das Maravilhas” começa, aliás, com esta personagem sentada à beira-rio “sem ter nada que fazer” e, por isso mesmo, “farta” da sua própria vida. Quando irrompe à sua frente um coelho branco, vestido com um colete e munido de um relógio de bolso, a menina sente-se mediatamente seduzida a segui-lo. Obsessivo com o tempo, o Coelho Branco corre em direcção à sua toca — uma cavidade que representa a porta de entrada para um universo irreal — e, por impulso, Alice vai atrás dele. À sua espera está um mundo que, apesar de maravilhoso, não traduz a perfeição de um conto de fadas.

Lewis Carroll – 1832-1898


Nasceu em Daresbury, Inglaterra, no dia 27 de Janeiro de 1832. Foi matemático, lógico, fotógrafo e escritor, sendo reconhecido principalmente como o autor de Alice no País das Maravilhas. De seu verdadeiro nome Charles Lutwidge Dodgson, ingressou na Universidade de Oxford onde leccionou Matemática até 1881. Adoptando o pseudónimo de Lewis Carroll para as obras literárias, reservando o seu verdadeiro nome para as obras científicas, foi autor de uma poesia plena de nonsense que fascinou a crítica e, mais tarde, viria a fazer as delícias de muitos surrealistas. Da sua bibliografia poética destaca-se o livro A Caça ao Snark, surgido na mesma época dos Cantos de Maldoror e de Uma Estação no Inferno, mas também Fantasmagoria e outros poemas.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Morte em Veneza de Luchino Visconti


O compositor Gustav Ashenbach (Dirk Bogarde), de férias no estrangeiro parece um homem reservado e civilizado. Mas o encontro inesperado com alguém de rara beleza vai o inspirar a se entregar a uma paixão oculta que pressagia um trágico destino.
O realizador Luchino Visconti transformam a obra clássica de Thomas Mann numa "Obra-prima de força e beleza" (William Wolf, Cue). Como o próprio Ashenbach, também Visconti revela-se obcecado pela sua arte: os seus filmes vivem de atmosferas lívidas e subtis abaixo de superfícies plácidas e da obsessiva atenção ao detalhe. Morte em Veneza, um filme enriquecido pela magnífica música de Gustav Mahler e pela inesquecível interpretação de Dirk Bogarde

Morte em Veneza de Thomas Mann (1875-1955)


Thomas Mann nasceu na cidade livre de Lübeck, que, como Hamburgo e Bremen, mantinha a sua soberania no interior do II Reich alemão. O pai era um próspero comerciante, que veio a ocupar vários cargos públicos e a mãe, Júlia Silva-Bruhns, nascida em plena floresta amazónica, era filha de um alemão radicado no Brasil e de uma brasileira de origem portuguesa. Thomas é o segundo filho. O mais velho, Heinrich, virá também a ser um escritor de talento.
Em 1912, lançou Morte em Veneza, considerada uma de suas obras-primas.
Em Morte em Veneza, Thomas Mann apresenta uma escrita complexa e profunda, onde quase cada parágrafo pode ter várias leituras. Em contraponto o enredo é praticamente inexistente: um homem de meia-idade viaja até Veneza, apaixona-se platonicamente por um jovem rapaz polaco extremamente atraente e morre sem sequer ter trocado uma palavra com ele.

Dom Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes (1547-1616)


O velho fidalgo Alonso Quijano perdeu o juízo no alucinante labirinto do universo dos livros de cavalaria e andou por cidades como Toledo, Albacete e La Roda para atravessar as fronteiras da língua espanhola. A singular história de Miguel de Cervantes é o maior monumento da literatura universal. Publicada no final de 1604, Dom Quixote de La Mancha é uma obra na qual os leitores mais imaginativos podem passar toda a vida a descobrir véus para descobrir outros até ao infinito. Pergunta-se que estranhos motivos levaram o autor espanhol a tecer uma longa narrativa sobre um lunático perdido e um rústico lavrador de "pouco sal na moleira". O livro, porém, possui um fundo falso: na verdade, Dom Quixote é uma fábula sobre a eterna luta da inteligência contra a estupidez, da luz contra a escuridão. Essa contenda representou a malfadada história dos grandes escritores espanhóis do chamado Século de Ouro, onde muitos deles foram obrigados a fugir da fogueira do Santo Ofício pelo desterro. Na publicação das suas obras teriam de usar pseudónimos ou então de enfrentar toda a hipocrisia da Inquisição.

Dom Quixote de Orson Welles


Apaixonado por Espanha, Orson Welles, um dos mais brilhantes e inclassificáveis realizadores de todos os tempos, dedicou 14 anos da sua vida a DOM QUIXOTE, uma obra desmesurada a que o seu enorme génio não poderia ficar indiferente. Welles mergulhou na obra de Cervantes através das personagens de Dom Quixote e Sancho Pança que viajam pela Espanha de 1960, dando uma visão única e apaixonante das mais emblemáticas personagens espanholas. O filme mostra as gentes e costumes espanhóis sem deixar de lado tradições populares como as Festas dos Mouros e dos Cristãos, ou as procissões religiosas. As excepcionais interpretações de Reiguera e Tamiroff, tal como a aparição de Welles em algumas cenas, fazem com que este seja um filme imprescindível sobre a publicação da obra de Cervantes.

Francisco de Goya (1746-1828)


Goya é um pintor que percorre a pintura espanhola e europeia desde o neoclassicismo de fins do século xviii até ao romantismo. Na sua produção, de uma extraordinária abundância, a originalidade e a variedade compensam com vantagem uma ou outra imperfeição em algum dos seus quadros. A sua arte vai evoluindo ao longo da vida.
Na obra de Goya detectam-se impulsos e maneiras de executar que vão posteriormente constituir princípios orientadores de diversos desenvolvimentos importantes da história da pintura nos séculos xix e xx. Assim, na exaltação da cor, nos processos narrativos, existe já o germe do romantismo. Pelo impiedoso naturalismo, pela crítica aguda, é plenamente um pintor realista. Pela técnica pictórica dos seus últimos anos, em que se serve da justaposição de pinceladas de cores puras para formar novas cores e delimitar as massas, os impressionistas reconhecem-no como um precursor. A deformação da realidade, tão significativa nas suas gravuras, é nitidamente expressionista. E tem em comum com os surrealistas as visões fantásticas e oníricas que povoam a sua excepcional obra gráfica.

Os fantasmas de Goya de Milos Forman


OS FANTASMAS DE GOYA narra a história de Espanha em 1792. Um grupo de pessoas que convivem numa época de agitação política e mudanças históricas.
A história é narrada através do olhar do mestre Francisco de Goya (Stellan Skarsgård). A intriga desenvolve-se durante os últimos anos da Inquisição em paralelo com a invasão do exército de Napoleão em Espanha e finaliza com a derrota dos franceses e a restauração da monarquia espanhola, lograda pelo o poderoso exército de Wellington. O irmão Lorenzo (Javier Bardem), um enigmático e astuto membro da Inquisição, envolve-se com a jovem musa de Goya, Inés (Natalie Portman), quando esta é injustamente acusada de heresia e enviada para a prisão.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O Retrato de Dorian Gray de Pierre Boutron


O Retrato de Dorian Gray foi adaptado ao cinema em 1977 pelo realizador francês Pierre Boutron, que também escreveu o argumento. Raymond Gerôme (Lord Henry Wotton), Patrice Alexsandre (Dorian Gray), Marie-Hélène Breillat (Sybil) e Dennis Manuel (Basil) são os principais actores.
Dorian Gray aproxima-se do mito de narciso ou, do mito faustiano onde, em prol dos prazeres mundanos abdica da alma. Dorian, um jovem, belo e aristocrata inglês no contexto da época vitoriana, aceita posar para o pintor Basil Hallward. O retrato de Dorian Gray é sublime, e este contempla a sua imagem com o profundo desejo de que esta assim se perpetue não na tela, mas no seu rosto. O sonho seria que a velhice se manifestasse apenas e só no retrato.

O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde (1854-1900)


A sociedade que critica é superficial, fútil e hipócrita. É nela que Oscar Wilde encontra os estereótipos que lhe servem de inspiração para as personagens, sem nunca promover meras imitações da vida. Para o escritor, habituado ao escárnio da crítica, mais interessada na sua vida privada do que na sua obra literária, a arte, suprema manifestação do génio, estava sempre sujeita a qualquer apreciação.
Em Dorian Gray Oscar Wilde convida à reflexão sobre os padrões de beleza em cada sociedade, em cada época, envelhecimento versus juventude, a procura de novas sensações a qualquer preço.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Crime e Castigo de Dostoievski (1821-1881)



Datado de 1866, este é o primeiro dos grandes romances que Dostoiévski escreveu já em plena maturidade literária, sendo, provavelmente, a mais bem conhecida de todas as suas obras. Recriando um estranho e doloroso mundo em torno da figura do estudante Raskólnikov, perturbado pelas privações e duras condições de vida, é uma das obras por excelência fundadoras da modernidade. Pelo inexcedível alcance e profundidade psicológica, sobretudo no que implica a exploração das motivações não conscientes e a aparente irracionalidade nos comportamentos das personagens, este autor russo tornou-se uma referência universal na literatura, sem perda de continuidade até aos nossos dias.
O seu estilo, inconfundível, distingue-se por uma tensão nervosa exacerbada, por uma espécie de vibração interior. Os protagonistas são geralmente criminosos, doentes ou loucos, sempre fora da normalidade. São personagens que vivem numa crise contínua; no seu interior produz-se uma dramática luta entre as forças do bem e do mal.

Match Point de Wood Allen



Match Point vai buscar imagens do ténis, a ideia da importância do acaso e da sorte na vida de uma pessoa, alguma inspiração a Crime e Castigo, de Dostoievski, e o assunto de outro filme do realizador, Crimes e Escapadelas (1989) - a possibilidade de se viver com a culpa de um assassínio na consciência.
Não é difícil comprovar que o filme de Woody Allen, de diferentes formas, filia-se na tradição romanesca. Desde a citação explícita a Crime e castigo, romance que também é uma das bases de construção do enredo do filme, à utilização de estruturas temáticas ligadas aos romances do século XIX (arrivismo e ascensão social mesclados com impulsos eróticos, infidelidade conjugal e crime). Allen privilegia aqui a ambiguidade da relação narrador-personagem, ora distanciando-se (com comentários off, como o belo plano inicial, da bola parada sobre a rede), ora fundindo-se na personagem, como no caso das árias de óperas, que mais não são um rasto sonoro, revelando o próprio pensamento/sentimento do protagonista.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Campo de Trigo com Corvos VAN GOGH (1853-1890)


Os trabalhos finais de van Gogh são um paradoxo o que, provavelmente, nenhum outro trabalho mostrará melhor do que “Campo de Trigo com Corvos” . Durante toda a sua vida vendeu apenas um quadro, embora tivesse pintado um vasto número de obras, travando uma amarga batalha contra a pobreza, o alcoolismo e a insanidade. Nasceu, em Groot-Zundert no dia 30 de Março de 1853. Van Gogh não se enquadra em nenhuma escola de pintura, embora a sua extraordinária percepção de cores possa ter tido origem nas teorias impressionistas. Era vítima de uma doença psicológica incurável, tendo sido internado, voluntariamente, pela primeira vez, em St-Rémy-de-Provence, após o célebre episódio em que cortou parte da sua orelha e ofereceu a uma prostituta de uma bar que costumava frequentar. Acabou por falecer dia 29 de Julho de 1890, dois dias após ter dado a si próprio um tiro do peito que acabou por ser fatal. Foi enterrado no cemitério de Auvers.

Sonhos de Akira Kurosawa (1910-1998)


Através da narração de oito sonhos, Kurosawa brinda-nos com um verdadeiro poema onde são tratados temas como a honra, o medo, a morte, a arte, a preservação ambiental, entre outros.
O trabalho de Kurosawa, como sempre, é excelente, o que é realçado pelas belíssimas fotografias de Takao Saitô e Masaharu Ueda, principalmente nos segmentos "O Pomar dos Pêssegos" e "Corvos". Neste último, o cineasta presta homenagem ao pintor holandês, Vincent Willem van Gogh, ao fazer com que um jovem pintor penetre nas suas telas e passeie pelos locais por ele retratados, incluindo o famoso "Campo de Trigo com Corvos".
Todos os segmentos carregam uma importante mensagem, terminando com a utópica "Aldeia dos Moinhos", onde o homem viveria feliz em completa harmonia com a natureza.

terça-feira, 17 de julho de 2007

O processo de Franz Kafka


Josef K. acorda e depara-se com agentes da justiça dentro de seu próprio quarto. Estes vieram comunicar-lhe o envolvimento num processo famigerado no qual ele teria que responder. Josef K. não fazia ideia do que se tratava e ninguém, nem mesmo os funcionários da justiça, o informavam sobre o assunto. É assim que começa mais um dos alucinantes pesadelos kafkianos, conhecidos por fazer os seus personagens viverem episódios angustiantes e insólitos. Na essência Kafka, obriga-nos a reflectir sobre as incertezas humanas.

O Processo de Orson Welles


Numa certa manhã, um homem, Joseph K. é preso e acusado de um estranho crime que não cometeu. Versão bastante fiel do romance de Franz Kafka, esta é uma brilhante a actuação de Anthony Perkins e a cenografia noir criada por Orson Welles. Welles expõe um Joseph K. imerso num mundo da burocracia sinistra que o envolve cada vez mais. Não há redenção possível para o pequeno homem. O mundo social de Joseph K. é um mundo da barbárie social, onde grandes estruturas tecnocráticas cinzentas, corruptas e mal administradas esmagam homens e mulheres, espoliados e desafectados dos seus valores morais.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Manhã Submersa de Lauro António


O filme descreve uma sociedade num país em que vive sob regime ditatorial e tenta subjugar o desejo e anseios individuais com um cruel despotismo.
Anos 40. A experiência desencantada dum jovem seminarista, António, vindo da aldeia e de modestas origens, sob a protecção duma senhora austera que, assim, se propõe arrancá-lo a um ambiente de miséria e ignorância. Sem vocação, António cederá à subtil prepotência de D. Estefânia, sacrificando-se pela promoção social da família.

Manhã Submersa de Vergílio Ferreira (1916 - 1996)


Vergílio António Ferreira nasceu em Melo, Gouveia, a 28 de Janeiro de 1916. Conhecido como "um escritor que se tem ocupado muito do "eu"", assim diz Virgílio Ferreira em "Um Escritor Apresenta-se", este existencialista foi desde muito novo assaltado por dúvidas, inquietações e interrogações que lhe marcaram profundamente a sua escrita e a sua personalidade.A emigração dos pais para a América do Norte quando tinha apenas dois anos de idade "obrigou" o escritor a ser educado por uma tia e pela avó materna dentro do catolicismo. Deste modo, ingressa no seminário do Fundão aos 10 anos, idade em que se vê mergulhado numa grande rigidez interna, na solidão e na hipocrisia, que retrata com exactidão no romance "Manhã Submersa".
Manhã Submersa descreve o despertar para a vida de uma criança, entre a austeridade da casa senhorial de D. Estefânia, a neve e a sensualidade da sua aldeia natal e o silêncio das paredes do seminário. Um jovem seminarista de doze anos, António Lopes, é pressionado a frequentar o seminário. O romance desenrola-se depois ao redor das vivências e sentimentos que o jovem seminarista vai experimentando. Naquele ambiente negro, triste, ríspido e severo do seminário, o jovem descobre-se e descobre o mundo que o rodeia: a repressão na educação, a pobreza da sua terra, as desigualdades sociais, o desejo do seu corpo em formação, a camaradagem, a amizade, o amor.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Lendo o Orpheu de Almada Negreiros


Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935)

É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa tendo seu valor comparado ao de Camões. Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui destaque na sua vida. Teve uma vida discreta, em que actuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterónimos. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do facto de ser o maior autor da heteronomia.
Morre de problemas hepáticos aos 47 anos na mesma cidade onde nascera, tendo sua última frase sido escrita na língua inglesa: "I know not what tomorrow will bring... ".

"Quanto mais eu sinta,

quanto mais eu sinta como várias pessoas,

Quanto mais personalidades eu tiver,

Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,

Quanto mais unificadamente diverso,

dispersadamente atento,

Estiver, sentir, viver, for,

Mais possuirei a existência total do universo,

Mais completo serei pelo espaço inteiro fora."

Almada Negreiros (1893-1970)


Escritor e artista plástico, José Sobral de Almada Negreiros nasceu em S. Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893. Foi um dos fundadores da revista “Orpheu”(1915), veículo de introdução do modernismo em Portugal, onde conviveu de perto com Fernando Pessoa. Além da literatura e da pintura a óleo, Almada desenvolveu ainda composições coreográficas para ballet. Trabalhou em tapeçaria, gravura, pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral. Faleceu a 15 de Junho de 1970 no Hospital de S. Luís dos Franceses, em Lisboa, no mesmo quarto onde morrera seu amigo Fernando Pessoa.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

A rapariga do Brinco de Pérola (quadro)


Johannes Vermeer (1632-1675) foi um pintor holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.
Vermeer viveu toda a sua vida na sua terra natal, onde está sepultado na Igreja Velha (Oude Kerk) de Delft.
É o segundo pintor holandês mais famoso do século XVII (um período que é conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às espantosas conquistas culturais e artísticas do país nessa época), depois de
Rembrandt. Os seus quadros são admirados pelas suas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante uso da luz.
Um dos quadros mais amados de sempre é um mistério. Pouco se sabe sobre a sua real inspiração. Isto porque a vida do seu criador, o holandês Johannes Vermeer, é envolta num grande mistério. Quem é a modelo e porque foi pintada? O se olhar, e enigmático sorriso será inocente ou sedutor? E porque usa ela um brinco de pérola?

A Rapariga do Brinco de Pérola


Um dos quadros mais amados de sempre é um mistério. Pouco se sabe sobre a sua real inspiração. Isto porque a vida do seu criador, o holandês Johannes Vermeer, é envolta num grande mistério. Quem é a modelo e porque foi pintada? O se olhar, e enigmático sorriso será inocente ou sedutor? E porque usa ela um brinco de pérola?
Holanda, 1665. Depois de o pai ficar cego devido a uma explosão, a jovem Griet vê-se obrigada a trabalhar para sustentar a família. Com apenas 17 anos, torna-se criada na casa de Johannes Vermeer, um pintor cuja atenção se começa a voltar para a jovem Griet. Apesar das diferenças dos dois mundos, Vermeer leva-a para o mundo da arte, e ela torna-se sua musa...
Uma bela e comovente história, baseada no Bestseller de Tracy Chevalier. Para escrever este romance, a escritora inspirou-se num dos quadros mais famosos do pintor Johannes Vermeer.
Realizador: Peter Webber

Os Respigadores e a Respigadora de Agnès Varda


Respigar: apanhar as espigas que ficam no campo depois de ceifado.
A partir de um célebre quadro de Millet, o filme de Agnès Varda é um olhar sobre a persistência na sociedade contemporânea dos respigadores, aqueles que vivem da recuperação das coisas que os outros não querem ou deixam para trás. A respigadora, nesse sentido, é Agnès Varda, que experimentando pela primeira vez uma pequena câmara digital, se assume como uma 'recuperadora' das imagens que os outros não querem ver nem fazer, e portanto deixam para trás. E no sentido mais radical, trata-se de mostrar que, de uma maneira ou de outra, todos somos respigadores da nossa própria existência, das suas matérias e as suas utopias.

Respigadoras


Jean-François Millet (1814-1875)

Pintor francês do século XIX, Jean-François Millet criou várias representações da vida no campo. Os seus quadros mais conhecidos são " O Angelus " e " As Respigadoras ". A partir de 1849, o pintor instala-se em Barbizon, perto da floresta de Fontainebleau. As suas manhãs eram passadas a cuidar do seu jardim, e as suas tardes eram dedicadas à pintura.Jean-François Millet queria mostrar ao mesmo tempo a rudeza e a nobreza do trabalho no campo. Ele representou muitas cenas da vida no campo, sem as idealizar, ao contrário do que faziam os seus contemporâneos.O pintor fazia no local os esboços que utilizava depois para compor os seus quadros.

A Ronda da Noite de Rembrandt


Esta pintura foi realizada para a companhia dos arcabuzeiros, destinada à grande sala do quartel da Guarda Civil. O protagonista da cena - em primeiro plano, vestido de preto - é Frans Banning Cocq (1605-1655), personagem muito conhecida em Amesterdão, a quem foi concedida a honra de comandar uma campanha da Guarda Civil, retratada no quadro.Vêem-se retratadas 28 personagens, para além das três crianças e de um cão. Reconhece-se a identidade de 18 personagens, enquanto, por outro lado, as figuras refulgentes das meninas em dourado são bastante enigmáticas.Este quadro tem alimentado ao longo dos tempos alguma especulação crítica sobre as verdadeiras pretensões de Rembrandt e até sobre a aparente escuridão da obra.

A Ronda da Noite de Agustina Bessa-Luis


Há muitas gerações que os Nabasco vivem sob a presença discreta e a posse de um quadro de grandes dimensões, uma cópia da famosa obra de Rembrandt, Ronda da Noite.A sua interpretação está ainda hoje, sujeita a controvérsia e a inúmeras vicissitudes, tal como sucedeu no seio dos Nabascos, com as hesitações de aquele seu quadro ter sido pintado também pelo próprio Rembrandt.Agustina desfia ficcionalmente a história da família, os seus amores e dramas, as suas vivências, a par com a presença indelével das figuras pintadas na Ronda da Noite. O último dos Nabasco vive e morre obcecado com uma interpretação impossível para ele de realizar.